A Neurociência e o Conceito de Felicidade: Uma Jornada pelo Cérebro

Uma Jornada pelo Cérebro

Afinal, o que é felicidade? Essa pergunta instiga a humanidade há séculos, sendo tema de filósofos, poetas e, mais recentemente, cientistas. A neurociência tem desvendado os complexos mecanismos cerebrais por trás das emoções, nos aproximando de uma compreensão mais profunda sobre a felicidade. Não é apenas um estado de espírito passageiro, mas uma orquestra de processos bioquímicos e neurais.


Onde a Felicidade Acontece: O Circuito de Recompensa

Nosso cérebro possui um sistema intrincado conhecido como circuito de recompensa. Ele é fundamental para a nossa sobrevivência, pois nos incentiva a repetir comportamentos prazerosos, como comer, beber e interagir socialmente. Quando experimentamos algo que nos dá prazer, essa área é ativada e libera uma série de neurotransmissores.


Os Mensageiros da Alegria: Neurotransmissores-Chave

Quatro neurotransmissores são os grandes protagonistas na experiência da felicidade:

  • Dopamina: Frequentemente chamada de “neurotransmissor do prazer”, a dopamina está ligada à motivação, recompensa e ao desejo. Ela nos impulsiona a buscar e alcançar objetivos. A expectativa de uma recompensa, por exemplo, já libera dopamina, criando aquela sensação de euforia antecipada.
  • Serotonina: Essencial para regular o humor, o sono, o apetite e o bem-estar geral. Níveis adequados de serotonina estão associados à calma, satisfação e estabilidade emocional. Sua deficiência, por outro lado, é frequentemente ligada a quadros de depressão e ansiedade.
  • Ocitocina: Conhecida como o “hormônio do amor e do vínculo”, a ocitocina é liberada durante interações sociais positivas, como abraços, toques e momentos de intimidade. Ela fortalece laços, promove a confiança e contribui para sentimentos de conexão e pertencimento.
  • Endorfinas: Produzidas em resposta ao estresse e à dor, as endorfinas agem como analgésicos naturais do corpo e criam sensações de euforia e bem-estar. A prática de exercícios físicos, por exemplo, é um excelente catalisador para a liberação de endorfinas, gerando a conhecida “euforia do corredor”.
  • A “euforia do corredor” (ou “runner’s high”, em inglês) é um fenômeno fascinante e muito buscado por praticantes de atividades físicas, especialmente corrida. Trata-se de uma sensação de bem-estar intenso, prazer e leveza mental que pode surgir durante ou logo após corridas mais longas e de intensidade moderada.
  • Por muito tempo, essa euforia foi atribuída quase que exclusivamente à liberação de endorfinas. As endorfinas são opiáceos naturais produzidos pelo corpo em resposta ao estresse e à dor (como o esforço físico prolongado), agindo como analgésicos e gerando uma sensação de prazer e bem-estar.
  • No entanto, pesquisas mais recentes e aprofundadas em neurociência têm revelado que as endorfinas não são as únicas ou, talvez, as principais responsáveis pela “euforia do corredor”.
  • Outras substâncias químicas cerebrais desempenham um papel crucial:
  • Endocanabinoides: Estas são moléculas naturais produzidas pelo nosso próprio corpo que são semelhantes aos compostos encontrados na cannabis. Ao contrário das endorfinas, que têm dificuldade em atravessar a barreira hematoencefálica (que protege o cérebro), os endocanabinoides conseguem fazê-lo com mais facilidade. Uma vez no cérebro, eles atuam em receptores específicos, promovendo efeitos psicoativos de curto prazo, como redução da ansiedade, sensações de calma e uma espécie de “brisa” natural. É por isso que muitos cientistas consideram os endocanabinoides os principais impulsionadores da euforia do corredor.
  • Dopamina e Serotonina: Como mencionei acima, esses neurotransmissores também são liberados durante o exercício e contribuem para o humor elevado, a motivação e a sensação geral de bem-estar. Quero ressaltar que cantar também é um excelente exercício para o nosso cérebro.
  • Como a “Euforia do Corredor” se manifesta?
  • Os relatos de quem experimenta a euforia do corredor frequentemente incluem:
  • Diminuição da percepção de dor e esforço: O desconforto físico que poderia ser sentido durante a corrida parece desaparecer.
  • Sensação de leveza e “flutuação”: As pernas parecem mais leves, e correr se torna quase sem esforço.
  • Clareza mental e relaxamento: As preocupações cotidianas se dissipam, dando lugar a um estado de concentração e paz.
  • Euforia e elevação do humor: Uma sensação geral de felicidade e poder.
  • Conexão com o ambiente: Muitos descrevem uma percepção aguçada dos arredores e uma sensação de harmonia.
  • Como alcançar a euforia do corredor?
  • Não é garantido que todos os corredores experimentarão a euforia do corredor em todas as corridas, pois há variações individuais (genética, condicionamento físico, sensibilidade aos neurotransmissores). No entanto, algumas dicas podem aumentar as chances:
  • Duração e intensidade moderada: Geralmente, a euforia surge em corridas mais longas (acima de 30 minutos), com intensidade moderada, onde o corpo consegue manter um ritmo constante sem exaustão.
  • Regularidade: Quanto mais você corre, mais seu corpo se adapta, aumentando a eficiência do sistema cardiovascular e neurológico e facilitando a liberação dos neurotransmissores do prazer.
  • Foco e atenção plena: Desconectar-se de distrações e focar na respiração e nos movimentos pode aprimorar a experiência.
  • Ambiente: Correr ao ar livre, em ambientes naturais, pode favorecer o relaxamento mental.
  • Em resumo, a euforia do corredor é um “coquetel químico” complexo que o cérebro libera durante o exercício físico prolongado. É uma demonstração incrível da capacidade do nosso corpo de nos recompensar pelo esforço, tornando a corrida não apenas um benefício físico, mas também uma poderosa ferramenta para o bem-estar mental e emocional.

Felicidade Duradoura x Prazer Momentâneo

É importante diferenciar o prazer momentâneo da felicidade duradoura. O prazer está mais associado à liberação rápida de dopamina em resposta a estímulos externos (comer um chocolate, ganhar um presente). A felicidade, no entanto, é um estado mais complexo e sustentável, que envolve um equilíbrio dos neurotransmissores e a ativação de diferentes áreas cerebrais relacionadas à satisfação, propósito e bem-estar.

A neurociência sugere que a felicidade não é apenas um “botão” a ser acionado, mas sim o resultado de padrões neurais complexos que podem ser moldados. Atividades que promovem conexões sociais, altruísmo, gratidão e aprendizado contínuo, por exemplo, demonstram ativar circuitos cerebrais associados ao bem-estar e à longevidade.


Podemos Treinar Nosso Cérebro para a Felicidade?

A boa notícia é que sim! Graças à neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar e formar novas conexões ao longo da vida, podemos “treinar” nosso cérebro para buscar e manter a felicidade. Práticas como a meditação, oração, a gratidão, o exercício físico regular, uma alimentação saudável e a manutenção de relacionamentos saudáveis, contribuem para otimizar a produção e a utilização dos neurotransmissores da felicidade.

Compreender a neurociência por trás da felicidade nos capacita a tomar decisões mais conscientes em prol do nosso bem-estar. Não se trata de uma busca utópica, mas de uma jornada interna, com bases sólidas na biologia do nosso próprio cérebro.


Você já tinha parado para pensar como o seu cérebro contribui para a sua felicidade? Compartilhe nos comentários suas experiências e o que te faz sentir bem!

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Um abraço grande!https://rosisiqueira.my.canva.site/p-gina-de-vendas-m-todo-sofia

    trilhesuamelhorversao.com
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    Psicoterapeuta.
    Psicanalista com especialização em saúde mental e Neurociência.
    Especialista em educação com especialização em Neuropsicopedagogia. Professora de Filosofia.
    Escritora e palestrante.

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